Desinfeta tuas mãos

Posted by anonimous | Posted in | Posted on 7:17 PM


"Capitu ria alto, falava alto, como se me avisasse; eu continuava surdo, a sós comigo e meu desprezo. A vontade que me dava era cravar-lhe as unhas no pescoço, enterrá-las bem, até ver-lhe sair a vida com o sangue..."
Creio que o problema é que não me amas deveras. Deveria amar-me demais e mais e mais, tal como o Doutor a sua Capitolina. Tal como esse amor doentio e cego, tão cego que não sabias se vias demais ou vias coisas donde nada existia.Creio que ler um livro do qual já se sabe o tal surpreendente final seja uma perda de tempo para a mente, esta maliciosa que sempre anda tão ocupada. Mas não tanto a ponto de sair por ai, velejando, indo parar nos tão comentados olhos de ressaca, esses em que outras, ah, tão conhecidas, costumam ir.
Talvez meu erro seja devido à minha genética: não os tenho, é, os olhos de ressaca. Mas talvez os erros cometidos por outrem estejam me fazendo criar olhos oblíquos e dissimulados, mesmo que o significado de oblíquo às vezes fuja à memória de seu criador...
Um adendo: Lerei Otelo, apesar de também já conhecer seu surpreendente final e já, antecipadamente, desejar levantar as mãos e bradar vivas à Iago.
A continuação: Talvez não, não não, não há de ser nada disso. O que acomete nossa paixão é a falta de um Escobar. Ah, se houvesse em nossa vida um Escobar não se aventurarias a olhar Sancha. Não, não, não SUPORTARIAS a mera e quase improvável possibilidade de Escobar sair à frente e roubar-te sua AMADÍSSIMA (sim, aprenderás que o uso dos superlativos vem a calhar nesses momentos ténues) Capitolina, essa moça tão faceira e curiosa. Não tendes medo do que a curiosidade de uma dissimulada possa acometer à tua vida? Se não tens, deverias. Ela tem agora.
Ah, são esses erros viciados e viciosos, e aqui lhes dou sentindo diferente. O vício da ingênuidade leva pecados inocentes. O pecado da inocência leva perigos desconhecidos. Os perigos desconhecidos levam navalha. Sim levam, trazem consigo, impreterivelmente, indiscutivelmente.
Dê-me um anel, sim, um anel. Uma aliança, um elo, um embrião.Dê-me um motivo, sim, um motivo. Uma razão, uma alegria, uma mudança.
Sim! Sim! MUDANÇAS! Essas pequenas notáveis, capazes de mudar bens, mals, futuros, passados, vidas, mortes. Essas tão peculiares, tão singelas, tão por vezes imprevisíveis, tão rejuvenescedoras, tão simplórias, tão esperançosas...
Quero nova aparência, nova estima, nova vida, novos ares, novo lugar, novo começo, novo meio, nova possibilidade, nova inspiração, nova concepção, novo estilo, nova cultura, novo costume, novo ardor, nova vontade. Porém, sou incapaz de tudo.
Quero que a nova aliança tenha o mesmo nome que a primeira. Será que peço demais?
Deverias dar valor a minha cultura e saber, duvido (e poderia apostar minha vida com a certeza de ganho) que alguma das anteriores, posteriores e atuais a mim tenham parado um dia pra ler algum livro com linguagem formal, incluir-se-á aqui essas mesóclises preciosas e o superlativo admiradíssimo, ou simplesmente algum texto que pudesse, só por seu conteúdo, mudar vidas verdadeiramente, perpetuosamente.
Um parque não é suficiente, dê-me um mundo, uma aliança...
Que fique bem claro aos leitores que os textos aqui postados tem a permissão para se utilizar.
E para completar :
Ao Amor Antigo - Carlos Drummond de Andrade


O amor antigo vive de si mesmo, não de cultivo alheio ou de presença.Nada exige nem pede. Nada espera,mas do destino vão nega a sentença.
O amor antigo tem raízes fundas,feitas de sofrimento e de beleza.Por aquelas mergulha no infinito,e por estas suplanta a natureza.
Se em toda parte o tempo desmoronaaquilo que foi grande e deslumbrante,a antigo amor, porém, nunca fenecee a cada dia surge mais amante.
Mais ardente, mas pobre de esperança.Mais triste? Não. Ele venceu a dor,e resplandece no seu canto obscuro,tanto mais velho quanto mais amor.
bgs, bgs até mais;

Comments (1)

O seu blog está muito bom, gostei do assunto abordado, muito interessante, gostei dos recursos ultilizados, e até a música ficou boa em relação ao texto.